Por: João Paulo Medeiros
com 56.439 quilômetros quadrados (km²) de área territorial, a Paraíba possui 51.357 km² de seu território composto pela Caatinga, o que equivale a mais de 90%. Nos últimos anos, entretanto, essa biodiversidade está ameaçada. Um levantamento realizado pelo Ministério do Meio Ambiente entre os anos de 2002 e 2008, cujos dados foram divulgados ontem em Brasília, pelo ministro Carlos Minc, revela que o Estado perdeu 1.013 km² da vegetação por conta da devastação ambiental.
O número não parece expressivo, mas representa uma área superior à soma das áreas dos municípios e Campina Grande (621 km²) e João Pessoa (211 km²), que equivalem a 832 km². Fazendo-se o comparativo anualmente, o território paraibano perdeu aproximadamente 168 km² a cada 12 meses. Em outras palavras, uma área de Caatinga maior do que muitos municípios, a exemplo de Teixeira (114 km²), Maturéia (84 km²) e Lagoa Seca (109 km²) sumiu do mapa. Até 2002, o Estado havia perdido 22.342 km² de Caatinga.
Em termos nacionais, no mesmo período a perda da Caatinga foi de 16.576 km², saltando de 43,38% para 45,39% o índice de devastação desse tipo de vegetação, que ocupa uma área atualmente de 826.411,23 km² e representa aproximadamente 10% do território nacional; englobando parte dos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e áreas do norte de Minas Gerais. “Os números são assustadores. É muito. Isso tem de ser reduzido”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante o anúncio dos dados.
No ranking dos Estados que mais perderam vegetação, a Paraíba aparece na 6ª posição. Em primeiro está a Bahia, com uma área desmatada de mais de 4,5 mil km². Logo depois surge o Ceará, com 4,1 mil km² e o Estado do Piauí, com 2,5 mil km² de área devastada. Pernambuco perdeu 2,2 mil km² e o Rio Grande do Norte 1,1 mil km² de área. Após a Paraíba aparecem Minas Gerais, com 359 km²; Alagoas, que perdeu 353 km² de Caatinga; Sergipe com 157 km² e o Maranhão, com 97 km² de área.
Para o Ministério do Meio Ambiente, os dados são altos e preocupantes, já que a região Nordeste é a mais vulnerável a problemas e efeitos climáticos. Durante o anuncio dos dados o ministro destacou que o desmatamento da Caatinga é pulverizado, o que significa que não se concentra em uma determinada área, o que torna mais difícil combatê-lo. Entre as principais causas do desmatamento da Caatinga estão o uso da mata nativa para confecção de lenha e de carvão, além do crescimento dos polos agrícolas e pecuários.
No Estado, pelo menos 203 municípios estão localizados em áreas com esse tipo de vegetação, abrigando cerca de 69,47% da população paraibana, hoje superior a 3,7 milhões de pessoas, conforme o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Caatinga é considerada pelos especialistas como o único bioma natural exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta.
Ibama: satélite e helicóptero na fiscalização
O trabalho de combate à devastação ambiental e à derrubada irregular de madeira tem sido uma das metas buscadas pelos fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na Paraíba, de acordo com o superintendente do órgão no Estado, Ronilson José da Paz. Através de imagens produzidas via satélite e monitoramentos feitos por helicópteros, o órgão tem identificado áreas de destruição ambiental em várias regiões paraibanas.
No final do ano passado, por exemplo, os fiscais multaram em mais de R$ 2 milhões o proprietário de uma fazenda localizada no município de Olho D’Água, no Sertão do Estado. O local, considerado pelo órgão como área propícia para o desenvolvimento da Caatinga, estava tendo a vegetação devastada. Na época ainda foram apreendidos gado e tratores, que estavam sendo utilizados na propriedade.
“Desde o final do ano passado estamos fazendo fiscalizações constantes na Caatinga, por uma orientação federal. Nesse trabalho estamos usando equipamentos modernos como imagens de satélite e até helicópteros, nos casos onde há necessidade de realização de sobrevoos. Hoje é até difícil diagnosticar as regiões do Estado onde a Caatinga tenha sido mais atingida, mas certamente essa área próxima a Campina Grande, o Sertão e o Cariri são bastante prejudicados”, enfatizou o superintendente. (JPM)
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