Combate à corrupção


JONAS TADEU NUNES



Coordenador do Observatório Social de Itajaí

Vivemos imersos na corrupção. Essa é a sensação que a maior parte das pessoas têm ao olhar para os lados. Há uma situação de suspeita generalizada, parece que a corrupção tomou conta de tudo e que ninguém mais vai conseguir desarticular esse estado de coisas.
Apesar dos avanços alcançados pela sociedade brasileira, um grande desafio, porém, ainda está diante de todos nós: a luta contra a corrupção. Diante deste inimigo não podemos baixar os braços.
Corrupção e democracia não andam juntas, são incompatíveis. A democracia é uma experiência compartilhada por milhões de pessoas e não se resume somente ao ato de votar, pelo contrário, é um processo contínuo que se desenvolve antes e depois das eleições. Durante esse processo, todos nós cidadãos, vamos aprendendo uns com os outros. A corrupção é o reino do privilégio, da anti-democracia.
Este longo processo de aprendizagem, que é a experiência democrática, tem várias etapas, cada uma dessas etapas representa um desafio, que a comunidade deve enfrentar em conjunto. A luta contra a corrupção é uma dessas etapas da construção da democracia, e não há como fugir dela, sob pena de vermos a vida em sociedade perder totalmente o sentido, instaurando-se a lei do mais forte, do mais esperto, do mais corrupto.
Em termos gerais, a corrupção de um sistema político surge, quando os interesses privados dos funcionários invadem o recinto sagrado do interesse público.
O verbo corromper implica uma ação praticada por duas ou mais pessoas: co+romper, romper a dois, romper juntamente com outro. Romper o quê? Romper a natureza de algo, estragar, arrebatar. Quando alguém rouba (arrebata) a bolsa de uma senhora, priva-a de algo que lhe pertence; algo material, externo. Por outro lado, se um menor é corrompido, por exemplo, ele é privado de sua integridade, algo íntimo e profundo, sua natureza é corrompida, e nunca mais será o mesmo. A senhora poderá viver sem sua carteira, o menor, porém, não poderá viver sem sua integridade. Este é o sentido profundo e estrito da palavra “corromper”, o pior deles.
A corrupção afeta, arrebata, modifica a forma de alguma coisa. A forma, segundo o velho e sábio Aristóteles, é a própria natureza das coisas, a finalidade pela qual elas existem. Se eu modifico o fim para o qual alguma coisa existe, estou corrompendo esta coisa. Corromper, portanto, é desnaturalizar, é desviar uma coisa do fim para o qual ela foi criada ou instituída.
Dentro do fenômeno da corrupção podemos distinguir duas grandes categorias ou momentos: os ‘atos corruptos’ e o ‘estado de corrupção’ propriamente dito. Os atos corruptos, isolados em si mesmos, podem levar um sistema político a um estado de corrupção, isto é, a um apodrecimento generalizado. Atos corruptos são aquelas soluções perversas que se encontram para determinados conflitos de interesses. São aquelas situações nas quais uma pessoa, mesmo obrigada moral e legalmente a fazer as coisas de certo modo, decide fazê-las de acordo com os próprios interesses. Isto acontece, tanto no setor público, quanto no setor privado, tanto no interior das empresas, quanto nas mutretas praticadas nos processos licitatórios.
A corrupção deve ser combatida em todas as suas manifestações, tanto em nível pessoal, quanto de grupo, quanto em sua forma mais perigosa: a corrupção social, estrutural e sistêmica. Combater a corrupção significa puni-la, severa e exemplarmente, rejeitá-la de todas as formas, educar as futuras gerações para uma sociedade mais ética e mais íntegra.
O antídoto para a corrupção no meio público é a TRANSPARÊNCIA

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